sábado, 27 de agosto de 2011

Donos da Gol compram a viação Pássaro Marron

27/08/2011 - O Estado de São Paulo

Naiana Oscar e Fernando Scheller

Os proprietários da companhia aérea Gol voltaram a investir no setor de transporte rodoviário, com a compra das linhas de transporte de passageiros Pássaro Marron e Litorânea, do Grupo Serveng. Com o negócio, o Serveng - que atua nos segmentos de engenharia, mineração, energia e concessões, entre outros - fica apenas com a Airport Bus Service na área de transporte de passageiros.

As duas marcas adquiridas operam linhas intermunicipais e interestaduais no Vale do Paraíba e litoral norte, em São Paulo, e no Sul de Minas. Nessas regiões, o grupo diz deter 83% do mercado, transportando aproximadamente 20 milhões de passageiros por ano. O Estado apurou que o negócio foi fechado por meio da Comporte - antes conhecido como Grupo Áurea -, empresa que administra os negócios de transporte rodoviário da família Constantino. A empresa não tem relação direta com a Gol, mas Constantino de Oliveira Júnior, presidente da aérea, é seu principal acionista.

Conforme apurou a reportagem, a venda da Pássaro Marron e da Litorânea foi uma forma de o grupo Serveng, que era dono das marcas havia 40 anos, reduzir a diversificação de sua atuação para ganhar mais foco nos setores de construção e infraestrutura.

Origem. Do lado da família Constantino, a compra marca a volta do investimento no transporte rodoviário, gênese dos negócios da família, que inclui dezenas de marcas - incluindo a Pluma e a Reunidas - e tem faturamento superior a R$ 1 bilhão.

A Gol só começou operar há dez anos, com a proposta de oferecer um serviço de baixo custo. Administrada por Constantino Júnior, a aérea adquiriu a Varig em 2007 e, neste ano, a Webjet, tornando-se líder no transporte doméstico de passageiros.

Curiosamente, antes de ser adquirida pelos donos da Gol, a Pássaro Marron havia estabelecido uma parceria para a venda de passagens aéreas da TAM em seus guichês nos terminais rodoviários de 50 municípios. Em contrapartida, a companhia liberou a venda de passagens da Pássaro Marron em sua agência de viagens, a TAM Viagens.

sábado, 20 de agosto de 2011

Quase 67 milhões de pessoas viajaram de ônibus interestaduais em 2010

28/06/2011 - CNT

Quase 67 milhões de pessoas viajaram de ônibus interestaduais em 2010
Sudeste responde por quase 50% do total de passageiros. Maior fluxo acontece entre os estados de São Paulo e Minas Gerais.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou, no início desta semana, os números de uma pesquisa elaborada para subsidiar a elaboração do Plano de Outorgas do Serviço de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros. Ao todo, estima-se que 66,7 milhões de passageiros utilizaram ônibus interestaduais para viajar pelo Brasil no ano passado.

O levantamento, realizado de dezembro de 2009 a abril de 2010, analisou 2.412 linhas de serviços interestaduais com extensão superior a 75 quilômetros de distância. Foram estabelecidos 179 pontos cuja observação permitiu acesso a dados importantes como demanda manifesta, oferta de transporte e tempo médio de viagem.

De acordo com a pesquisa, a região Sudeste responde pela metade do total de passageiros do serviço, tanto em partidas como em chegadas. O maior fluxo de usuários do serviço ocorre entre São Paulo e Minas Gerais. Os paulistas foram os que mais utilizaram o serviço em 2010: 14 milhões de passageiros.

Em média, o maior movimento é observado nas sextas-feiras e nos finais de semana, com volume quase 10% maior que o observado de segunda a quinta. Quase 70% dos passageiros viajavam sozinhos, 16% eram ou estavam acompanhados de idosos, 1,8% eram ou acompanhavam deficientes, 7,2% eram crianças, 5% do total estavam isentos de pagamento e 1,4% pagou meia passagem.


Rosalvo Júnior
Redação CNT



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sábado, 13 de agosto de 2011

Viagem de 96 horas liga São Paulo ao Pacífico

13/08/2011 - O Estado de São Paulo

A mais longa linha de ônibus da América do Sul tem 5.917 quilômetros e vai do Terminal do Tietê a Lima, cruzando Amazônia e Andes

Pablo Pereira, enviado especial a Lima - O Estado de S. Paulo
LIMA - A mais longa linha de ônibus da América do Sul tem 5.917 quilômetros e liga o Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, ao bairro de San Isidro, em Lima, no Peru. Centenário sonho de integração dos dois países, a viagem por terra do Atlântico ao Pacífico une um complexo de estradas que cruza cinco Estados brasileiros e sete departamentos peruanos em uma travessia de quatro dias.

Veja também:
'Estrada fortalece integração andina'
Peruano que vive no Brasil festeja união
ESPECIAL: Vídeo, fotos e roteiro da viagem


Epitácio Pessoa/AE
Ônibus faz pausa a uma altitude de 4200 metros
Na semana passada, a reportagem do Estado acompanhou a aventura de 18 passageiros que enfrentaram 96 horas de viagem a bordo de um ônibus da empresa peruana Expreso Ormeño. As paradas do veículo de dois andares, que tem lugar para 44 passageiros (mas viajou a meia-carga), ocorrem somente para abastecimento de combustível, alimentação e higiene - cada uma delas de no máximo 40 minutos.

A partida para a capital do Peru acontece no boxe 31 do Tietê, às 8 horas, uma vez a cada 15 dias. A passagem custa R$ 468. A linha São Paulo-Lima é operada desde novembro pela Ormeño, empresa de transporte internacional rodoviário com rotas do Peru para Chile, Colômbia, Bolívia, Equador, Argentina e Venezuela.

A primeira parada, após 6 horas de rodagem, ocorre em Maracaí, na Rodovia Raposo Tavares, próximo de Ourinhos, às 14h, para reabastecimento e almoço. Neste ponto começam a aparecer os primeiros incômodos da longa travessia. A próxima parada para esticar as pernas só ocorrerá em Cáceres (MT), na manhã do segundo dia. É a hora de aproveitar o primeiro - e reconfortante - banho.

Por R$ 3, os passageiros podem desfrutar de sete minutos de água quente em um banheiro controlado por um funcionário do posto de gasolina que, aos gritos, coordena a ligação dos chuveiros, em série, tanto do lado masculino quanto do feminino. "Número um tá ligado. Mas tem de esperar um minuto para a água chegar aí. Número dois, pode ligar?", berra o rapaz, à porta dos sanitários.

A seguir, novamente horas e horas de pastos, gado e a faixa de mata ao longe, acompanhando o ônibus até a parada em Pontes e Lacerda para o almoço, às 14h. No cardápio, arroz, frango frito, macarrão, salada. Logo após, o aviso: nova parada somente no dia seguinte, por volta das 7h, em um bar de beira de estrada em Nova Califórnia, divisa de Rondônia com o Acre.

Mas, antes, no meio da noite, uma surpresa: a travessia do Rio Madeira, na BR 364, altura de Abunã, tem de ser feita em balsa. Toca a descer todo mundo para o ônibus passar vazio, com o povo acomodado ao lado do veículo. Adiante, após uma hora na rodoviária de Rio Branco, finalmente a fronteira: Assis Brasil (lado brasileiro) e Iñapari (Peru).

Parada forçada. Sem RG, o passageiro Cristopher Hernán Pacheco, de 15 anos, é barrado pela Polícia Federal brasileira, e provoca uma parada forçada de três horas na viagem. Após uma ligação a São Paulo, onde vive a família de Cristopher, agentes se convencem de que está tudo legal com ele. Peruano com cidadania brasileira, o rapaz retorna a seu país após quatro anos. Está ansioso por rever sua terra. Poucos metros depois, ao passar pela alfândega, mata a saudade de beber Inca Kola, refrigerante popular no Peru.

Começa neste ponto a estrada Interoceânica, trecho recém-asfaltado, que liga Assis Brasil, no Acre, a Puerto Maldonado, capital do Estado de Madre de Dios. Lá, por volta das 21h, a turma desembarca pela segunda vez.

A Ponte Intercontinental, de cerca de 500 metros, inaugurada no ano passado pelos presidentes Alan Garcia e Lula, não pode ser usada. Os cabos de sustentação apresentaram irregularidades e a obra só deve ficar pronta mesmo em setembro, quase um ano após a festa política. O jeito é, novamente, apelar à balsa - para o ônibus - e a um precário bote de madeira para os passageiros. Preço por pessoa: um sol (moeda peruana) - cerca de R$ 0,60 - para cruzar o rio "cheio de piranhas", segundo o barqueiro.

"Cuidado. Esto es peligroso", alerta Gonzalo Alayo Perez, de 81 anos, um dos passageiros da viagem São Paulo-Lima, ao entrar no barco. "Sair do ônibus no meio da noite e ter de atravessar o rio num barquinho desses é um absurdo", diz a brasileira Creusa Amazonas, que embarcou em São Paulo para fazer turismo em Cuzco e Lima por cerca de dez dias. Passar ao outro lado do rio em um bote é também um dos momentos mais delicados da viagem de Elza Menendez Carlos, peruana de 37 anos, que mora na Mooca, em São Paulo, e viajou com as filhas Lilian, de 12 anos, e Suellen, de 2.

Agarrada à menina de colo, Elza alerta a adolescente para ter cuidado enquanto o barqueiro apruma o bico da embarcação de madeira no barranco escuro, iluminado apenas por uma lanterna. Do bote lotado é possível ver as luzes da ponte novinha, mas inoperante. A cerca de 200 metros, rio acima, a balsa leva o ônibus vazio à outra margem.

Mas a parte mais chocante da viagem ainda nem começou. Por mais duas noites, com um dia no meio, o ônibus percorre a área mais crítica, porém mais bela do trajeto: a amazônia peruana e a Cordilheira dos Andes. O "autobús" (ônibus, em espanhol) passa a serpentear por encostas de picos num sobe e desce, segue e vira, em sucessivas curvas em U. É empreitada para poucos.

Anibal Castillo, de 55 anos, 30 na profissão, pega a direção para o estirão nas matas de Madre de Dios. Castillo gosta de dirigir à noite. "É mais fresco", diz. Nas mãos dele, o coletivo encara o trecho de amazônia peruana. No meio do nada, noite alta do terceiro dia, rumo a Cuzco, surgem as luzes dos garimpos. Tratores aproveitam a escuridão na selva para lavar cascalho em busca de ouro.

De repente, uma parada. Já é a hora de o mais jovem dos motoristas, Franklin McCubbin, de 53 anos, assumir o comando em uma das partes mais estressantes na direção da histórica Cuzco.

"Essa é a parte mais difícil", concordam os três. "Há trechos de estradas de Mato Grosso e Rondônia (BR 364) que também retardam a viagem", diz McCubbin. Mas isso nem é tão trabalhoso. O que pega mesmo é levar o possante a uma altitude de 4.725 metros, a uma velocidade média de 30 km/h pelas Rodovias 3S e 26, e baixar ao fundo do vale, até chegar a Cuzco.

A visão do amanhecer próximo da cidade misteriosa, na região do santuário inca de Machu Picchu, ajuda a enfrentar as náuseas do embalo nas curvas. Na parada de cerca de 40 minutos, já pela manhã, o segundo banho na jornada. Chuveiro quente a 3 soles (R$ 2) em uma casa atrás da rodoviária da cidade. Logo, o retorno à estrada. Com piso de asfalto sem buracos, bem sinalizada, a estrada segue boa, mas é um teste para o labirinto. E só tem duas faixas.

"Sem problemas", diz o Jacinto Napan, de 55 anos, na solidão da cabine durante seu turno na terceira noite da viagem. Napan troca de marchas, reduz ou reforça a potência do motor no moderno ônibus ouvindo música andina. Nas horas de folga, descansa no compartimento atrás da cabine ou aproveita assentos vagos no andar superior para assistir a filmes que distraem os viajantes.

Nazca. Na noite de sábado, finalmente, começa a descida ao litoral. À frente, a planície de Nazca. No andar de cima, passageiros dormem, inebriados pelo balançar e o ar rarefeito da altitude. A lua ilumina a planura que abriga curiosas construções de pedra que formam desenhos de animais gigantescos. O "conductor" Napan anuncia as luzes distantes de Nazca. E explica que à beira da rodovia há "miradores" para que, durante o dia, se possa ver do alto algumas das estruturas que intrigam o mundo.

Há quase 90 horas a bordo, já contando as curvas do acesso à rodovia para Lima, o paciente motorista não consegue mais esconder a pressa. Nas retas de Nazca, desconta os atrasos pisando fundo. É madrugada de domingo.

A última troca de motoristas ocorre perto de Ica, vizinha de Lima. Franklin Mc Cubbin volta ao comando na Rodovia 1. Aparecem as luzes da capital peruana. No carro, uma agitação no andar de cima revela a ansiedade dos passageiros. Uma fila de gente se forma na escada. A chegada a San Isidro ocorre às 6h, hora local. É o fim da linha.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Leilão de linhas interestaduais de ônibus deve ser em janeiro

11/08/2011 - G1

Serão leiloadas 95% das linhas do país com mais de 75 km de extensão.

Novo modelo de concessão vai a consulta pública; edital sai em outubro.

Fábio Amato
Do G1, em Brasília

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, disse nesta quinta-feira (11) que o governo deve fazer em janeiro de 2012 o leilão das 1.967 linhas rodoviárias interestaduais do país.

Figueiredo apresentou nesta quinta o novo modelo de concessão das linhas interestaduais, que são aquelas com mais de 75 km de extensão e atravessam de um estado para outro. O modelo vai ser levado a consulta pública e a expectativa é que o edital de licitação seja publicado em outubro.
 
Objetivo é modernizar o transporte rodoviário no país para fazer frente ao avanço do transporte aéreo
As 1.967 linhas correspondem a 95% do total do país. Esta será a primeira vez que elas serão licitadas - as linhas sempre foram operadas em regime de permissão.

Um decreto de 1993 determinou o leilão dessas linhas e estabeleceu que as permissões deveriam expirar em 2008. Mas como na época o governo ainda não tinha pronto o modelo de licitação, as empresas de ônibus passaram a atuar sob autorização especial.

De acordo com o diretor-geral da ANTT, o novo modelo estabelece diretrizes e obrigações às empresas vencedoras que visam modernizar o transporte rodoviário no país para fazer frente ao avanço do transporte aéreo, que vem registrando crescimento acentuado nos últimos anos.

“Todos esses atributos que nós assistimos nos sistemas de transporte mais modernos nós queremos trazer para o transporte rodoviário de passageiros”, disse Figueiredo.

No novo modelo, as linhas interestaduais estão divididas em 60 lotes e 18 grupos. Elas contemplam ligações entre 1.932 cidades de todas as regiões do país.

Não haverá licitação de linhas individuais e cada lote conta com linhas mais e menos rentáveis. A empresa que arrematar cada lote será obrigada a oferecer o mesmo nível de qualidade de serviço em todas as linhas que fazem parte dele.

Uma das metas da ANTT é reduzir a idade média da frota de ônibus dos atuais 14 anos para 5 anos. Pelo novo modelo, não será permitido o uso nas linhas de veículos com mais de dez anos.

A frota atual cadastrada usada nas linhas interestaduais conta com 16.325 ônibus. Destes, segundo a ANTT, 60% tem menos de dez anos de uso.